Ternura no olhar, leve sorriso nos lábios, e uma vida nos traços (...)
Foi exatamente o que passou na minha cabeça,
ao ver aquela senhora entrar no ônibus, e se sentar ao meu lado,
com um leve perfume floral e açucarado.
Seus traços eram delicados;
e seu casaco amassado,
parecia bem confortável.
Naquela manhã de chuva, eu estava voltando para casa, pois cheguei atrasada no trabalho (como de costume), e daquela vez a bruxa do RH, não me deixou entrar. Sem nenhuma expectativa, entrei no ônibus, com destino á minha cama, quente e aconchegante, naquele momento eu estava pensando apenas em dormir, e torcendo para sonhar com o Caio Castro. O que eu não imaginava; é que estaria no lugar e na hora certa, no meio do trânsito caótico do trevo de Bonsucesso, eu não poderia estar em mais lugar algum, a não ser ali; sentada naquele desconfortável transporte público, esperando talvez, a criatura mais inspiradora que já vi na vida. Eis, que la vem ela, uma senhora grisalha e com a face bem enrugada. O ônibus estava praticamente vazio, mas ela veio instantaneamente em minha direção; e se sentou ao meu lado, mesmo quando eu desviei o olhar num gesto de rejeição, ela se instalou perto de mim.
Quando eu menos esperava aquele perfume doce e leve que ela usava, entrou nas minhas narinas... Inevitavelmente eu imediatamente, virei minha cabeça lentamente para a senhora, e levantei sobre ela um olhar sem profundidade ou intenção alguma, apenas para ver de onde saia aquele cheiro bom. E la estava ela; com seus olhos azuis fixados em mim, levei um susto mais alguma coisa não me deixou parar de olhar para ela.
Então, ela lançou sobre mim com aqueles olhos pequenos que caiam pelancas de pele velha, uma espécie de olhar como se estivesse lembrando de alguma coisa, alguma coisa forte, que ela gostava de lembrar. Me jogou também um sorriso sutil nos lábios, sem mostrar os dentes, na verdade eu nem sei se ela tinha dentes. Foi uma cena tão estranha, parecia que estávamos nos abraçando carinhosamente, sem ao menos nos tocar. Ela se levantou; e apertou o botão dando sinal, isso fez com que ela olhasse para suas próprias mãos, flácidas e enrugadas. Ela tocou uma mão sobre a outra e me olhou como se dissesse; " Aproveite, pois suas mãos também ficarão assim," e foi em direção á porta traseira do ônibus, andando delicadamente com aquele sapatinho preto e flexível, e suas roupas marrom, e antes de colocar seu pé direito no último degrau até o chão, não exitou em me lançar mais um olhar seguido de uma sorriso, dessa vez mais intenso e assustador. E la foi ela, com sua bengala de madeira, e seu cheiro instigante. Me deixando la completamente desorientada, nunca na vida haviam me olhado daquela forma, parece que a senhora me admirava da cabeça aos pés, como se nunca tivesse visto um jovem tão de perto, não sei, foi estranho.
Aquela senhora, não sabe o quanto me deixou sensível. Ao chegar em casa, deitei em minha cama, e o meu pensamento estava apenas no ser humano, nem lembrei do Caio Castro, apenas me concentrei em pensar na tamanha futilidade em que vivem os seres humanos.
Talvez aquele olhar faminto que a velha me lançou, é um tipo de despertador. Suas mãos enrugadas, me mostraram que se eu tiver sorte em chegar naquela idade, o desejo daquela senhora é que eu chegue com aquela sensação de ter aproveitado o máximo da minha juventude. Sim, se eu tiver sorte de chegar na idade dela.Porque o mundo, meu bairro, do jeito que estão violentos, talvez seja difícil, como me dói dizer isso.
Pense em como os bandidos são fúteis, e os bobocas do bairro ao lado mais ainda. O que adianta nos preocuparmos excessivamente em enriquecer e esquecer do principal; VIVER A VIDA, respirar o ar que nos é concedido á cada segundo, desfrutar da natureza, prezar sentimentos e sensações. Nos preocuparmos com as árvores, ao invés do dinheiro que é feito dela. Eu acho que a futilidade é tanta que se eu gastar o meu tempo escrevendo tudo aqui, não terei mais ele pra curtir minha vida. Então levante-se dessa cadeira e vá la fora, sinta o vento a brisa, o sol a chuva SE SINTA; SE VIVA !
Pense em como os bandidos são fúteis, e os bobocas do bairro ao lado mais ainda. O que adianta nos preocuparmos excessivamente em enriquecer e esquecer do principal; VIVER A VIDA, respirar o ar que nos é concedido á cada segundo, desfrutar da natureza, prezar sentimentos e sensações. Nos preocuparmos com as árvores, ao invés do dinheiro que é feito dela. Eu acho que a futilidade é tanta que se eu gastar o meu tempo escrevendo tudo aqui, não terei mais ele pra curtir minha vida. Então levante-se dessa cadeira e vá la fora, sinta o vento a brisa, o sol a chuva SE SINTA; SE VIVA !