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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A velha do Ônibus

Ternura no olhar, leve sorriso nos lábios, e uma vida nos traços (...)





Foi exatamente o que passou na minha cabeça,
 ao ver aquela senhora entrar no ônibus, e se sentar ao meu lado, 
com um leve perfume floral e açucarado. 
Seus traços eram delicados; 
e seu casaco amassado, 
parecia bem confortável. 

Naquela manhã de chuva, eu estava voltando para casa, pois cheguei atrasada no trabalho (como de costume), e daquela vez a bruxa do RH, não me deixou entrar. Sem nenhuma expectativa, entrei no ônibus, com destino á minha cama, quente e aconchegante, naquele momento eu estava  pensando apenas em dormir, e torcendo para sonhar com o Caio Castro. O que eu não imaginava; é que estaria no lugar e na hora certa, no meio do trânsito caótico do trevo de Bonsucesso, eu não poderia estar em mais lugar algum, a não ser ali; sentada naquele desconfortável transporte público, esperando talvez, a criatura mais inspiradora que já vi na vida. Eis, que la vem ela, uma senhora grisalha e com a face bem enrugada. O ônibus estava praticamente vazio, mas ela veio instantaneamente em minha direção; e se sentou ao meu lado, mesmo quando eu desviei o olhar num gesto de rejeição, ela se instalou perto de mim.

Quando eu menos esperava aquele perfume doce e leve que ela usava, entrou nas minhas narinas... Inevitavelmente eu imediatamente, virei minha cabeça lentamente para a senhora, e levantei sobre ela um olhar sem profundidade ou intenção alguma, apenas para ver de onde saia aquele cheiro bom. E la estava ela; com seus olhos azuis fixados em mim, levei um susto mais alguma coisa não me deixou parar de olhar para ela.
Então, ela lançou sobre mim com aqueles olhos pequenos que caiam pelancas de pele velha, uma espécie de olhar como se estivesse lembrando de alguma coisa, alguma coisa forte, que ela gostava de lembrar. Me jogou também um sorriso sutil nos lábios, sem mostrar os dentes, na verdade eu nem sei se ela tinha dentes. Foi uma cena tão estranha, parecia que estávamos nos abraçando carinhosamente, sem ao menos nos tocar. Ela se levantou; e apertou o botão dando sinal, isso fez com que ela olhasse para suas próprias mãos, flácidas e enrugadas. Ela tocou uma mão sobre a outra e me olhou como se dissesse; " Aproveite, pois suas mãos também ficarão assim," e foi em direção á porta traseira do ônibus, andando delicadamente com aquele sapatinho preto e flexível, e suas roupas marrom, e antes de colocar seu pé direito no último degrau até o chão, não exitou em me lançar mais um olhar seguido de uma sorriso, dessa vez mais intenso e assustador. E la foi ela, com sua bengala de madeira, e seu cheiro instigante. Me deixando la completamente desorientada, nunca na vida haviam me olhado daquela forma, parece que a senhora me admirava da cabeça aos pés, como se nunca tivesse visto um jovem tão de perto, não sei, foi estranho. 
Aquela senhora, não sabe o quanto me deixou sensível. Ao chegar em casa, deitei em minha cama, e o meu pensamento estava apenas no ser humano, nem lembrei do Caio Castro, apenas me concentrei em pensar na tamanha futilidade em que vivem os seres humanos.
 Talvez aquele olhar faminto que a velha me lançou, é um tipo de despertador. Suas mãos enrugadas, me mostraram que se eu tiver sorte em chegar naquela idade, o desejo daquela senhora é que eu chegue com aquela sensação de ter aproveitado o máximo da minha juventude. Sim, se eu tiver sorte de chegar na idade dela.Porque o mundo, meu bairro, do jeito que estão violentos, talvez seja difícil, como me dói dizer isso. 

Pense em como os bandidos são fúteis, e os bobocas do bairro ao lado mais ainda. O que adianta nos preocuparmos excessivamente em enriquecer e esquecer do principal; VIVER A VIDA, respirar o ar que nos é concedido á cada segundo, desfrutar da natureza, prezar sentimentos e sensações. Nos preocuparmos com as árvores, ao invés do dinheiro que é feito dela. Eu acho que a futilidade é tanta que se eu gastar o meu tempo escrevendo tudo aqui, não terei mais ele pra curtir minha vida. Então levante-se dessa cadeira e vá la fora, sinta o vento a brisa, o sol a chuva SE SINTA; SE VIVA ! 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Todo mundo vai cair. Mas se levantar, renascer, vai mostrar o quão CAPAZ você é.

A planta do esgoto


Uma planta, surgindo no fundo das águas sujas e negras de um bueiro .... 






Ultimamente, eu estou um tanto quanto "Filosofa", como dizem meus amigos e meu professor de Biologia, Ricardo. Estou extremamente observadora, e pequenas coisas estão me inspirando a ter idéias incríveis para compartilhar com vocês. 

Em um mês desses agitados, eu estava no meio do trajeto que eu faço todos os dias para ir ao trabalho. E, como de costume eu tropecei em um buraco que simplesmente insiste todos os dias, em tentar me derrubar. Maldito buraco. 

Perto dessa abertura no chão; tem um bueiro, ou qualquer outra coisa que se refira á passagem de esgoto. Que por algum motivo, cujo qual eu realmente não sei, ou não me recordo, me fez olhar fixamente pra dentro dele, e observar que das suas águas sujas e negras, estavam brotando ' plantinhas', numa tonalidade verde- vibrante. Eu até pensei que fossem fungos; típicos de lugares úmidos,  como já havia me explicado meu professor de Biologia, Ricardo.  Mas não, eram plantas mesmo,  não sei o nome da espécie, mas eram uma graça. Pois é, o que Pero Vaz de Caminha, escreveu em sua carta referindo-se ao Brasil, se concretiza a cada pequeno gesto da natureza, em sua carta ele disse o seguinte; " Nesta terra, em se plantando, tudo dá " .  E nesse caso, nem precisou plantar nada. Naquela manhã nublada, essas plantas no fundo do bueiro, eram o que me chamaram mais a atenção dentre quem participava do contexto. Algumas mulheres que estavam em um ponto de ônibus logo a frente, com certeza me acharam  louca, ao me verem parar no meio daquela calçada esburacada, abaixar sutilmente e ficar olhando pra dentro de um furo no chão, que corria esgoto. Ou, talvez elas acharam que eu cai, ao tropeçar naquele buraco. Não tão maldito assim. 

A partir daquele dia, passei todos os dias á olhar para as plantinhas, cada vez maiores, bonitas, e mais vibrantes. E quando eu ousava em esquecer de olhar, sempre pela pressa, o buraco me fazia tropeçar, numa espécie de lembrete; " Ei, não vai olhar para as plantinhas hoje não !?" .  Me surpreenderam. 
Eu tenho certeza que você, na sua cidade, em seu bairro, já viu plantinhas crescendo em lugares surpreendentes. E se você nunca parou, para refletir o quão inspiradoras elas podem ser para nossas vidas, ta na hora de começar á fazer isso. 

Quantas vezes ao longo dessa nossa passagem pela Terra, somos dolorosamente OBRIGADOS á começar tudo de novo? Pensem em inúmeras vezes; que nos derrubam, que " acabam com nossa raça" , e que nos encontramos em um lugar conhecido com o fundo do poço. Será que coisas pequenas assim, como o crescimento dessas plantinhas em meio á cidade grande,  não poderiam nos incentivar a NÃO DESISTIR? Fazer nossa cor, raça vir a tona com toda nossa força e nosso brilho VIBRANTE?. SIM, somos capazes disso, devemos ser otimistas, pois sempre vai ter alguém que ira apreciar seu crescimento, como eu, no caso das plantinhas. Que a propósito, estão ótimas hoje. 

ACREDITE NO SEU POTENCIAL, LEVANTE-SE, REGUE SUAS RAÍZES.